Federação Paranaense de Basketball entrevista Vinícius Carneiro, Técnico da Cidade de Castro

Vinicius Carneiro, professor e técnico de basquete na cidade de Castro, região dos Campos Gerais do Paraná, é um batalhador incansável do nosso basquetebol.

Com destaque no trabalho feito nas categorias iniciantes e escolar, Vinícius tem demonstrado uma grande evolução em termos de participação em competições estaduais e nacionais, bem como excelentes resultados em competições escolares no Paraná e no Brasil.

 

1 – Qual seu nome e origem? E quando e onde começou o basquete na sua vida? Quando começou com a carreira de técnico?

Sou Vinicius L. Carneiro, natural de Castro-PR. Tudo começou em 1994, estava com onze anos de idade, a paixão pelo basquete se deu pelas inesquecíveis jogadas de Michael Jordan e tantos outros ídolos, nas memoráveis partidas da NBA.  Iniciei como atleta escolar com o incentivo do Professor JURGENS GEORGE C. PORTIER, no Colégio Estadual Professora Maria Aparecida Nisgoski. Na temporada seguinte, ingressei na Seleção Castrense sob o comando técnico do treinador Marcos Vinícios Silva de Rocco. De 1997 a 2000 trabalhei com os treinadores Flavio Bonilha e Professor João Saulo Teixeira.

Meu ingresso na área técnica de basquete, foi no ano de 2000, com 17 anos, como Professor colaborador  “amigos da escola” no Colégio Estadual Major Vespasiano Carneiro de Mello, por meio de supervisão da professora Ana Carolina Kachinski, que foi a grande incentivadora. No mesmo ano, já fui contratado por uma escola particular (Colégio Emilia Erichsen) para ser auxiliar ajudante. Mais adiante, fui auxiliar técnico por dois anos do Professor Roberto Botarelli, em Jacarezinho-Pr, a frente disso assumi equipes escolares e posteriormente equipes de competição.

 

 

2 – Quais foram seus principais títulos? (FPRB, Jogos Oficiais do estado etc.)

R: Acho importante frisar que todas as conquistas são muito importantes, independente da esfera. Mas posso citar o primeiro título, já no primeiro ano como treinador, no ano de 2000, nos JOGOS DA PRIMAVERA em Ponta Grossa. Também destaco os títulos de Campeão estadual Sub13, Campeão Estadual Sub14, ambos pela Federação Paranaense de Basquete, Campeão Paranaense Jogos Escolares do Paraná, Campeão Jogos da Juventude do Paraná, Campeão Jogos Abertos do Paraná e Vice Campeão Brasileiro feminino Sub12 no Campeonato do CBC. Essa prata foi um título para nós. Pela Seleção Paranaense, conquistamos Bronze no Torneio Internacional de Franca (SP), Vice Campeão Copa Mercosul de Basquete Sub14 e Vice Campeão Sul Brasileiro Sub17, resultados honrosos por defender meu estado.

 

 

3 – Trabalha com masculino e feminino? E por que não trabalha com a outro gênero? Se trabalha com os 2, qual a principal diferença?

R: Na esfera escolar, trabalho com os dois naipes. Porém nas seleções de base do município, estou à frente apenas do masculino até 14 anos. Particularmente, o basquete feminino sempre me atraiu mais, pelo ritmo do jogo, por ser mais cadenciado e mais tático, apesar de que a evolução física do feminino tem sido grande. O masculino a intensidade é fora do comum. Mas em se tratando de basquete, qualquer situação me apaixona. Acho que a gestão de uma equipe feminina é mais complexa do que a masculina, o emocional é um pouco mais a “flor da pele”, não é uma tarefa muito simples.

 

 

4 – Você trabalha sozinho ou tem alguma equipe de Comissão Técnica trabalhando junto?

R: Sempre trabalhei sozinho infelizmente, caindo nas estatísticas da realidade do basquete brasileiro. Fui e sou treinador, técnico, fisioterapeuta, preparador físico, psicólogo, dirigente, roupeiro, massagista, conselheiro, fazendo o possível em cada situação à medida que conseguimos.

 

 

5 – Quais as dificuldades que você encontra para o trabalho de hoje em dia? Está melhor do que quando começou?

R: Uma grande dificuldade hoje, que acho que piorou bastante não somente para o basquete, mas para o esporte em geral, são os deslocamentos das crianças das suas casas para as praças esportivas, em detrimento ao aumento da criminalidade nas cidades, e a falta de condições de muitas famílias no translado desses jovens. Outra situação, que piorou bastante, é  o gigante mundo da internet em todos os lares, que encanta a todos e oferece um leque de atrações que “vicia” as gerações a um estilo de vida sedentário. Estamos perdendo muitos talentos para as telinhas dos celulares.

 

6 – Quais as dicas que você tem para o atleta que está começando hoje? E para os técnicos novatos, quais as dicas/sugestões?

R: Para ambos, a dica é aproveitar de forma positiva o acesso à internet, com aplicativos que disponibilizam vídeos de basquete, vídeo conferências e aperfeiçoar mais e mais a cada dia seu conhecimento, colocando em prática os recursos inesgotáveis tanto para o atleta, bem como para os atuais e futuros treinadores. Essa aproximação, é muito válida, o compartilhamento de conhecimentos, só melhora a qualidade de todos.

 

7 – Vamos aprofundar mais nosso assunto. O técnico ao longo da sua carreira vai criando uma filosofia de jogo própria. Fale um pouco de como você organiza seu time no ataque. O que é importante para você que o atleta aprenda na sua filosofia?

R: Já mudei varias vezes minha maneira de pensar sobre o basquete ofensivo e defensivo, até por que acompanho o desenvolvimento global da modalidade, e sem dúvida acredito que o melhor deve ser propagado. Atualmente, minha maior preocupação com o atleta, é que ele tenha discernimento e leitura de jogo, torna-lo um indivíduo que tome suas próprias decisões em meio a um pensamento coletivo – fazer o melhor para sua equipe – com ações individuais. Não opto mais pela mecanização, principalmente até os 14 anos, categoria a qual estou desenvolvendo. Eu diria que minha filosofia, hoje, ofensivamente, é intensidade e procura pelos melhores espaços para as finalizações.

 

8 – E na defesa? O que você prega para sua equipe? Se algum outro técnico olhar sua equipe defendendo, como você acha que ele descreveria seus sistemas defensivos?

R: Defensivamente, ensino aos meus alunos, que devemos “dar a vida” coletivamente todos os instantes- premissa importante para que gostem de defender. Obviamente, assim como o ataque, também trabalho com uma defesa mais cognitiva do que mecânica, a expertise e leitura do que esta acontecendo defensivamente é o mais importante para mim. Prefiro não pular etapas, cada geração e seus respectivos conteúdos defensivos devem ser respeitados, independente de resultados. Acho, que se um treinador olhar minha defesa, ele vai pensar que meus atletas são determinados e entregues a causa.

 

9 – Nós técnicos, muitas vezes nos pegamos fazendo auto críticas, importantes para nosso próprio desenvolvimento. Qual teu ponto fraco, ou mais débil? Enxerga alguma falha que pensa ter que mudar para evoluir mais?

R: No quesito evoluir, acredito que todos nós sempre precisaremos melhorar, minha auto crítica diária me mostra isso. Acredito que a defesa ainda seja meu maior desafio, principalmente nas categorias menores, penso diariamente em desenvolver exercícios atrativos de defesa, que mostrem aos alunos que – defender vem antes de atacar- talvez seja esse meu ponto fraco mais significativo. Mas possuo tantas outras falhas, que procuro melhorar todos os dias.

 

10 – Qual seu técnico guru, aquele que você se espelha ou tenta obter a maior quantidade de ideias?

R: Na atualidade, acompanho muito o trabalho do Gustavinho de Conti, acho que a maneira agressiva e veloz das suas equipes, demonstra muito bem o basquetebol contemporâneo e suas exigências. Já li sobre muitos técnicos, acompanhei suas equipes, suas historias, continuo buscando por seus legados e aprender com isso. Poderia citar tantos nomes, como Laurindo Miura, Phil Jackson, Ary Ventura Vidal, Coach Larry Brown entre tantos outros.